segunda-feira, 15 de agosto de 2011

PAUTA DE HTPC – 16 de agosto de 2011

Escola Estadual Antonio Ferraz – D.E.: Jaú

1-Texto: A Matemática é um determinante em sua vida
2-As três divisões de Beremiz: a divisão simples, a divisão certa e a divisão perfeita.
3-Questões do SARESP;
4-Oficinas: jogos
5-Socialização
6-OBMEP: Olimpíada de Matemática, dia 17/08/2011






A Matemática é um determinante em sua vida









Todos nós nascemos como resultado
De um sistema de equações.
Acredite mesmo,
Somos o par ordenado mais perfeito da natureza.
Carregamos características de nossos pais y, e de nossas mães x.
Eram milhões de espermatozóides pré-destinados ao óvulo.
Um espaço amostral quase infinito...
Mas você só está aqui hoje, porque era o melhor matemático de lá.
Pois você venceu uma extraordinária probabilidade.
Vivemos em função do tempo
Que nos é dado.
Existem vários tipos de pessoas,
Aquelas que encontram um grande amor e a ele são fiéis
Pela vida toda, são as "injetoras".
Para cada pessoa, existe uma outra correspondente.
Dizer que não se entende Matemática
É um absurdo, porque você é um exemplo matemático.
Não importa se não consegue resolver um logaritmo,
Importa o quanto você é capaz
De reconhecer conceitos matemáticos ao seu redor.
MA terialize seus sonhos e
TE nha coragem de expor sua
MA neira de encarar a realidade. Ame a

TI mesmo.
CA minhe sem medo de cair.

Aproveite porque o mundo é matemático.
Elaine Rodrigues
Jequié (BA)

PAUTA DE HTPC - 02/08/11





“É do buscar e não do achar que nasce o que eu não sabia.” Clarice Lispector


1. Acolhida: texto: O CONTO DO DESERTO
2. Texto para análise: Uma reflexão para a prática educativa em Paulo Freire
3. Estudos de Caso:
 Recuperação contínua
 Trabalho em grupo
 Sequência didática
 Pesquisa
 Gestão de relacionamento e comportamento em sala de aula
4. Olimpíada de Matemática – OBMEP: 17 de agosto de 2011, quarta-feira.
5. DAC – orientações
6. Projeto de Recuperação: proposta para o segundo semestre.

O CONTO DO DESERTO

Certa vez um homem estava cruzando um deserto, com a intenção de se mudar para uma nova cidade. No caminho, viu um senhor e decidiu lhe perguntar sobre a cidade que avistava ao longe.
- Senhor, sabe me dizer como são as pessoas naquela cidade? – disse o homem.
- Como são as pessoas no lugar de onde você veio? – questionou o senhor do deserto.
- Todos são muito alegres e gentis. Sempre foi uma felicidade para mim viver lá, já que teci relacionamentos que resultaram em grandes parcerias e amigos verdadeiros.
- Então você ficará bem, pois as pessoas daquela cidade são exatamente assim.
E o homem seguiu sua viagem, muito contente com o que estava por vir em sua nova moradia.
Após algum tempo, um outro homem apareceu no mesmo local e com a mesma intenção. Ele viu o senhor e lhe fez a mesma pergunta:
- Senhor, sabe me dizer como são as pessoas naquela cidade?
- Como são as pessoas no lugar de onde você veio? – questionou o senhor do deserto novamente.
- São mesquinhas e maldosas. Eu não podia confiar nelas e ainda tinha que cuidar muito bem de meus pertences. Não havia sinais de amizade e era praticamente impossível viver ali.
- Bem, a cidade para onde você está rumando também é assim, desta forma.
Desanimado, o homem continuou sua jornada.
Um rapaz que estava perto ouviu tudo e ficou intrigado. Foi até o senhor e lhe perguntou:
- Não consegui entender. Para um dos homens você disse que a cidade era boa e para o outro, que era má. Como isso pode ser?
- Meu filho – disse o senhor – não são os lugares que demonstram sentimento, mas as pessoas. Cabe a cada um demonstrar em seus sentimentos o mundo como vê. Os lugares se tornam bons ou maus de acordo com as ações e palavras das pessoas que ali vivem. Pela experiência anterior deles é possível perceber como cada um enxerga o mundo ao seu redor.

( conto árabe )



Uma reflexão para a prática educativa em Paulo Freire



Antes de anunciar a presença de Paulo Freire como educador faz-se necessário contextualizá-lo como homem. Diga-se um “percebedor” da realidade por sua condição de pobre, nordestino e brasileiro. Sua luta e presença baseiam-se na categoria “opressão”, principalmente, por ter sido um homem que fez uma leitura concreta do mundo do oprimido, da complexidade da relação oprimido e opressor, para, finalmente, propor uma pedagogia libertadora que consiste em uma educação voltada para a conscientização da opressão (pedagogia do oprimido) e a conseqüente ação transformadora.

Segundo Andreolla (1997), a categoria “opressão” em Paulo Freire assume dimensões várias. A saber, na dimensão antropológica, mata a cultura do homem, o seu saber enquanto homem (nas palavras de Boaventura Santos, um “epistemicídio”: matar o conhecimento do outro); na dimensão psicológica derruba com o “ser”, o “eu” do homem, permitindo como conseqüência sua coisificação e ou despersonalização; na dimensão ontológica está paralelo à desumanização, enquanto “ser homem” (processo de hominização x cultura necrófila); na dimensão econômica, a opressão permite que ricos estejam cada vez mais ricos e pobres cada vez mais pobres. A ideologia do “ter mais” se concretiza na relação dominador e dominado; na dimensão política há desenfreadamente a ação do poder central sobre a periferia, isto é, ou são leis que beneficiam e privilegiam alguns, ou são “Medidas provisórias” que retratam um poder autoritário que é cego às necessidades e prioridades de uma grande maioria; e por último a dimensão pedagógica cujo caráter de opressão se estabelece na forma de leis que na prática retrocedem às conquistas e desejos de toda comunidade educativa e também na forma de relação professor e aluno e todas as nuances do sistema de ensino (currículo, prática pedagógica e avaliação). Nestas dimensões a obra, e a vida de Paulo Freire dão uma resposta, apontando caminhos: Ao tratar da pedagogia da “consciência” pretendeu elucidar do educando sua criticidade, criatividade e ação diante do que está dado: é preciso que o oprimido tenha consciência de sua opressão (pedagogia do oprimido). Ao tratar da pedagogia da “pergunta” ele torna-se um sociólogo da sala de aula e reflete a relação professor e aluno enquanto concepção bancária x concepção libertadora, onde o primeiro (como num banco) deposita conhecimentos através da transmissão apenas no segundo e, este o armazena e devolve na prova final.

“O educador faz “depósitos” de conteúdos que devem ser arquivados pelos educandos. Desta maneira a educação se torna um ato de depositar, em que os educandos são os depositários e o educador o depositante. O educador será tanto melhor educador quanto mais conseguir “depositar” nos educandos. Os educandos, por sua vez, serão tanto melhores educados, quanto mais conseguirem arquivar os depósitos feitos. (Freire, 1983:66)”

Prova, tão logo, que através da “problematização” da realidade, da significação é possível desenvolver uma concepção libertadora na relação professor e aluno e conhecimento e aprendizagem.

“Como situação gnosiológica, em que o objeto cognoscível, em lugar de ser o término do ato cognoscente de um sujeito, é mediatizador de sujeitos cognoscentes, educador, de um lado, educandos, de outro, a educação problematizadora coloca, desde logo, a exigência da superação da contradição educador x educando. Sem esta, não é possível a relação dialógica, indispensável à cognoscibilidade dos sujeitos cognoscentes, em torno do mesmo objeto cognoscível.” (Freire, 1983:78)

Entre educador e educandos não há mais uma relação de verticalidade, em que um é o sujeito e o outro objeto. Agora a pedagogia é dialógica, pois ambos são sujeitos do ato cognoscente. É o “aprender ensinando e o ensinar aprendendo”. O diálogo, em Freire, exige um pensar verdadeiro, um pensar crítico. Este não dicotomiza homens e mundo, mas os vê em contínua interação. Como seres inacabados, os homens se fazem e refazem na interação com mundo, objeto de sua práxis transformadora. (Boufleuer, 1991) A prática pedagógica passa a ser uma ação política de troca de concretudes e de transformação.

O que Paulo Freire nos ensina hoje é colocar em prática uma lição que sabemos de cor. Afinal, os cursos de formação de professores tomam conhecimento de sua proposta. Vários estudos e publicações têm mostrado que a proposta de Paulo Freire perpassa tanto o ensino formal como o informal.

Nas análises de currículo, prática pedagógica e avaliação, em nossas escolas, percebe-se uma aplicabilidade de sua proposta. Ou seja, quando analisamos sobre os conteúdos serem interdisciplinares (politécnicos), fragmentários; quando abordamos a necessidade de união entre teoria e prática enquanto metodologia; e, ainda a democracia enquanto gestão, nós nos damos conta da pedagogia problematizadora de Paulo Freire.

A lição maior como educadores que temos de Freire é a preocupação com o social. A busca de alternativas e propostas devem ser uma constante em nosso dia a dia, no sentido de resgatar o “homem”, o “cidadão” e o “trabalhador” da alienação de seu “ser”, de seu exercício de cidadania e de sua dignidade.

Ainda, como homem de seu tempo, devemos aprender de Freire, a ter presente o nosso tempo sem alienação do real. As proposta pedagógicas devem ser alternativas de “hominização” em contraposição ao processo de relações econômicas, que se definem em alienação do homem e expropriação de seu saber. Segundo Marx (1968), em O Capital, com a venda da força de trabalho, o trabalhador é considerado igual a uma mercadoria, é coisificado na relação de produção, é “apropriado” pelo capital. As relações de produção passam pelos critérios do capital e não pelos critérios da humanidade. A mercadoria encobre as características sociais do próprio trabalho dos homens. Fernandes explica assim este fetichismo da mercadoria:

“(...)...quanto mais o trabalhador se apropria do mundo exterior, da natureza sensorial, através do seu trabalho, tanto mais ele se priva de meios de vida segundo um duplo aspecto; primeiro que cada vez mais o mundo exterior sensorial cessa de ser um objeto pertencente ao seu trabalho, um meio de vida do seu trabalho; segundo, que cada vez mais cessa de ser meio de vida no sentido imediato, meio para a subsistência física do trabalhador. (...) apenas como sujeito físico ele é trabalhador.” (Fernandes, 1989)

Finalizando, as categorias diálogo, oprimido, problematização, conscientização, libertação definem o homem político em Paulo Freire. Ou seja:

Sua proposta vai além das críticas das formas educativas atuais, porque define-se em uma pedagogia da consciência: consciência crítica enquanto conhecimento e práxis de classe.

Na escola formal, a pedagogia de Paulo Freire requer um professor problematizador da realidade, pois trata-se da pedagogia da pergunta que requer diretividade.

Através de uma relação dialógica e dialética entre professor e aluno, a proposta pedagógica de Freire, centraliza-se na dimensão do conhecimento, no sentimento de aceitação do outro, da interação, da intersubjetividade.

A revolução necessária para a transformação social que não considera o amor, apenas substituirá o opressor – o oprimido passa a ser o opressor – que continuará a mesma lógica da dominação.

A revolução deve ser entendida como um processo, uma mudança democrática e não apenas como uma ruptura. A revolução é um processo político pedagógico de transformação, que requer reconstrução do poder em novas formas de relação. “A revolução que deve ocorrer é uma grande ação cultural para a liberdade, realizada pelo povo (Freire, 1977).”

A pedagogia do oprimido tem por base o diálogo, necessidade ontológica do ser humano.

Ser utópico, também, é uma exigência ontológica do ser humano, uma exigência histórica.

Esta foi sua luta e, é esta a sua lição.