quarta-feira, 18 de março de 2009

O PREPARO DA AULA: O ROTEIRO E AS METODOLOGIAS


Preparar a aula, auxiliado pela tecnologia disponível é essencial. E não se diga que, atualmente, a maior parte das escolas públicas não disponha de um grande número de materiais audiovisuais, televisões, bibliotecas (ou pelo menos livros), etc., para motivar as aulas, materiais esses que muitos professores sequer se dão ao trabalho de pôr em uso. Há os que dominam muito bem os conteúdos de sua disciplina e que, de certa forma, depois de anos e anos de docência, nos quais refletiram sobre como trabalhariam, são capazes de desenvolver belíssimas aulas sem necessidade de colocar no papel aquilo que vão ministrar. Nessas aulas, há o trabalho permanente, prazer em conviver, tranqüilidade nas relações humanas e aproveitamento dos alunos. Nelas são raros os casos de indisciplina. Esse é um fato facilmente constatável, em qualquer escola em que o diretor e o coordenador se dêem ao trabalho de percorrer seus corredores, dando uma "espiadela" no que nelas está ocorrendo. Por outro lado, numerosos professores conhecem pouco sobre a disciplina, que ministra e improvisa o tempo todo. Efetivamente, a improvisação nunca é criativa, fundada que está em atividades desorganizadas e aleatórias, que só fazem confundir e irritar os alunos, que não sabem muito bem para onde estão caminhando seus estudos naquela disciplina. Daí a rebeldia, a indisciplina e o desrespeito ao professor por parte de determinados grupos em sala de aula. O curioso é que os docentes, vivendo esses problemas, jamais param para refletir sobre a balbúrdia em sua sala. Mas é explicável o fenômeno. Parte dos alunos de uma classe é conformista, aceitando passivamente ou "estoicamente" a caceteação de uma atividade desmotivada, o que faz com que o professor considere manifestações hostis a sua aula, deste ou daquele aluno, apenas um ato de indisciplina isolado de "baderneiros e vagabundos" (cujo número tende a crescer ao longo do ano) quando, na verdade, é o sintoma de que algo vai muito mal em suas classes.
No aspecto metodológico, o livro didático (mormente em Língua Portuguesa, mas também em outras disciplinas), que deveria ser um simples material de apoio, passou, há muito, a se constituir o "alfa e o ômega" do trabalho para muitos docentes, artifício que leva à precariíssima aprendizagem. Dir-se-ia que, atualmente, a metodologia aplicada, numa aula compõe-se de leituras do manual, alguma explicação do conteúdo, realizada sem qualquer roteiro, e os famosos questionários, a guisa de síntese. É muito pouco, para não dizer que não é nada. Daí o péssimo desempenho de parcela considerável de alunos nas diversas disciplinas, principalmente em Língua Portuguesa (disciplina com seis aulas semanais!!!) na qual se constatam falhas gravíssimas no campo da redação- ai, a caligrafia de grande parte dos alunos!!! Muitas ilegíveis nas 5ªs. 6ªs, 7ªs... -, da interpretação de textos, da expressão oral (que acabam dificultando o desenvolvimento de habilidades e a compreensão dos conteúdos de outras matérias) e quejandos.
Preparar a aula é estabelecer os caminhos, que professores e alunos percorrerão em busca de conhecimentos significativos. Ora, todo caminho a ser percorrido deve, obrigatoriamente, fundar-se em um roteiro adrede preparado. Ninguém entra numa floresta intrincada, separando territórios que se quer alcançar sem planejar a travessia, posto que, ao tentar percorrê-la, cegamente, o mínimo que pode acontecer é perder-se por entre as numerosas trilhas, que se apresentam aos desbravadores. O mesmo pode-se dizer de uma aula. Então, o roteiro no desenvolvimento de um conteúdo é imprescindível. Preparar a aula é definir a maneira de desenvolvê-la a fim de torná-la prazerosa e inteligente de tal forma que os alunos sejam chamados a participar ativamente dela. Sob esse ponto de vista, o conteúdo da aula deverá basear-se num diálogo entre professores e alunos, no qual os primeiros buscarão nos alunos aquilo que difusamente sabem sobre o conteúdo em estudo, unindo-o com o que se quer ensinar, resultando disso tudo o conhecimento novo. Aula dialogada, além da troca de informações entre professores e alunos, é o primeiro passo para facilitar a assimilação do conhecimento e veicular a realidade do aluno a conteúdos significativos. Mas essa não seria a única forma de se trabalhar os conteúdos das disciplinas. Haveria outras que, a permanente reflexão do professor, ao preparar sua aula, tenderá a criar, observando sempre o ritmo de cada grupo de alunos, entre as quais: o "Estudo do Meio", o trabalho em grupo, os seminários de debates (mormente nas matérias humanísticas), a pesquisa de campo, que propiciariam a inserção do aluno na realidade política, econômica, social e cultural da comunidade, do município, do Estado, do país. A aula preparada com reflexão, com certeza, terá um conteúdo bem dosado, posto ser ele significativo. De nada adianta a massa de informações inaces-síveis à compreensão dos alunos e, por isso, sob muitos aspectos, inúteis.

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